Quem nunca sentiu o coração bater mais rápido ao ver “Atenção!”, “Vamos lá…” ou a frase “Separa os calmantes” em sua timeline do Twitter, que atire a primeira pedra. As frases, que acabaram tornando-se bordões conhecidos do público que acompanha o mundo pop, são do jornalista José Norberto Flesch, editor de conteúdo do jornal Destak, de São Paulo, e referência quando o assunto é anunciar, em primeira mão, shows internacionais no Brasil — incluindo, pelo menos, uns três do Coldplay.
Trabalhando no ramo musical desde a década de 90, Flesch encontrou no Twitter, além de um espaço para levar ainda mais longe o que já fazia no jornal, um público fiel que quer saber quando seu artista favorito irá tocar no Brasil que já soma quase 280 mil seguidores. E a informação é sempre certeira. “Tem alguns que o artista acaba desistindo e caem, ou adiam. Demi Lovato, por exemplo”, apontou, quando perguntado sobre algum possível palpite errado.
É fato também que Flesch posiciona-se politicamente e expressa, sem se preocupar se irão gostar ou nao, sua opiniões pela rede social, mas garante que, na hora de trabalhar, esquece o coração e vai pela notícia em si. “É minha função”, comenta.
Flesch, sua relação com os fãs de Coldplay é um pouco conturbada, não é?
Não acho. Me criticam quando digo que povo brasileiro só conhece U2 e Coldplay, quando não elogio a banda ou questiono alguma coisa, mas creio que, basicamente, os fãs se dão bem comigo. Acho muita militância você não aceitar uma única crítica a seu ídolo. Eu falo mal até de banda que eu adoro, quando acho necessário. E já gostei bastante de Coldplay também.
Esse é um assunto que envolve uma grande polêmica por entre os fãs. Há quem prefira o “velho Coldplay” e odeie o “novo Coldplay”, e vice-versa, o que gera uma segunda discussão, a de que é possível criticar sem se prender às nossas preferências. Você acredita nisso?
Eu esqueço o coração quando vou falar algo ruim sobre artista que eu gosto, ou para anunciar cancelamento de show de artista que eu gosto. Vou mais pela notícia em si. É minha função, inclusive.
Mas há quem não siga muito esse caminho, a exemplo de alguns jornalistas conhecidos por criticarem de forma totalmente parcial os novos lançamentos da banda.
Não acontece só com o Coldplay. Tem jornalista que cisma com tal artista e vira uma espécie de “hater”.
Em tempos onde se fala tanto sobre a influência das fake news e se questiona a imparcialidade dos veículos de comunicação, você considera isso como um “desserviço” ao jornalismo?
Boa pergunta. É bem diferente das fake news, porque é uma opinião. O cara não gosta. Pronto. Podemos até chamar de “jornalismo tendencioso”, forçando um pouco, mas é diferente de fake news.
Na época dos anúncios das atrações da edição do ano passado do Rock In Rio, muita gente criou expectativas devido a forma como você falou sobre Coldplay (a exemplo do tweet com trecho da letra de “The Scientist” e outro com uma foto do Chris no palco em 2011) e, no fim, te criticaram.
Nem vale a pena falar sobre o que não teve. E a forma como eu preparo o povo para os anúncios varia muito. Às vezes eu brinco, às vezes dou dica…
Então, nesse caso, você só estava assistindo ao show do Rock In Rio, ou ouvindo “The Scientist” e ponto final? (risos)
Ou eu estava sabendo de algo que poderia rolar… (risos)
Desde que eu me conheço por gente você anuncia os shows antes de todo mundo. Existe algum show que você gostaria de anunciar e ainda não teve a oportunidade? (O sonho é livre)
Van Halen. Eu gosto da banda, muita gente também gosta, só veio uma vez e há muitos anos…
Você esteve no show do Coldplay em São Paulo, em 2016, e disse que era forte candidato ao melhor do ano, mesmo em abril. Você continua com essa opinião?
Foi um dos grandes shows daquele ano, sim.