Depois da apresentação memorável do Coldplay no Rock in Rio em 2011, as expectativas para o show da banda neste ano eram altas. Para muitos, era impossível superar o que foi feito há onze anos. Porém, o grupo britânico mostrou na madrugada deste domingo (11) o porquê conseguiu esgotar os ingressos para seis shows solo no país em outubro e fez até mesmo o apresentador do Multishow, Marcos Mion, “bater o sino” de melhor performance da edição um dia antes do fim do festival.
As novidades já começaram antes mesmo do início do show, com uma passarela e um palco secundário, já utilizados pelo Coldplay em apresentações de turnês anteriores, acoplados ao Palco Mundo pela primeira vez. Além disso, os espectadores que chegaram à Cidade do Rock no início da tarde do sábado (10) receberam as tradicionais pulseiras de LED que iluminam as performances do grupo, conhecidas como Xylobands.
A banda subiu ao palco por volta das 0h20, encerrando um dia marcado por grandes nomes da música nacional e internacional, como Djavan, Bastille e Camila Cabello. Com as luzes do palco principal apagadas, os telões laterais exibiram imagens dos artistas circulando pelo backstage e ocasionaram gritos eufóricos dos fãs.
Ao contrário das apresentações anteriores desta edição do Rock in Rio, Chris Martin, Guy Berryman, Jonny Buckland e Will Champion apareceram pela primeira vez ao público de cerca de 100 mil pessoas por meio de uma passagem oculta que levava ao meio da passarela. Deste momento em diante, o Coldplay começou a desenhar uma performance que entrará para a história de um dos maiores festivais de música do mundo.
Coldplay no Rock In Rio: encontro de eras
A setlist da noite agradou tanto os fãs mais antigos, quanto os novatos. O Coldplay abriu a apresentação no Rock In Rio com “Higher Power”, do último álbum, Music of the Spheres, e embalou as notas animadas de “Adventure of a Lifetime” logo em seguida. A alegria e o carisma do frontman Chris Martin tomaram conta do público, que parecia não se importar com a chuva e respondia assiduamente aos pedidos de abaixar, pular e cantar mais alto do vocalista, muitas vezes feitos com um português improvisado.
Após iniciar o show em ritmo dançante, a banda seguiu com quatro de suas canções mais populares no país: “Paradise”, “Viva la Vida”, “The Scientist” e “Yellow”.
Em todas elas, o forte coro do público era suficiente para que os músicos fizessem esforço mínimo e apenas acompanhassem as milhares de vozes. Entretanto, os artistas conseguiram parecer ainda mais empolgados do que a plateia e elevaram o nível do festival, com direito à repetição de “Viva la Vida” após um pedido de Martin e cantoria na chuva, no meio do palco secundário, em “The Scientist”.
Em ‘People of the Pride’, que veio logo em sequência, o grupo britânico entrou no clima do festival e empolgou o público com solos fortes de guitarra, mostrando que a nova canção deve ganhar espaço nos próximos shows. Fazendo jus à letra da música, que diz que somos livres para nos apaixonarmos por quem quisermos, Martin correu pela passarela com uma bandeira LGBTQIA+ e protagonizou um dos momentos mais emocionantes da noite.
O espetáculo visual que conversava com a performance da banda desde o início da apresentação foi levado para outro patamar no meio do show. Durante a clássica “Clocks”, lasers iluminaram a Cidade do Rock e ajudaram a elevar a euforia dos espectadores deslumbrados com um dos maiores hits da banda.
Na sequência, os fãs puderam ver os artistas reunidos na passarela, utilizando fantasias de alienígenas (em referência ao último álbum), para iniciar uma sequência de performances dançantes, formada por “♾️”, “Something Just Like This”, “Midnight”, “My Universe” e “A Sky Full of Stars”.
Em “Something Just Like This”, o Coldplay mostrou novamente a importância que dá para a inclusão em suas apresentações. O vocalista Chris Martin deixou de lado o microfone e interpretou a canção em língua de sinais.
Já em ‘A Sky Full of Stars’, o frontman voltou a arriscar frases em português para pedir que o público deixasse o celular e as câmeras de lado para aproveitar o show somente com “as mãos e o coração”. Como já era de se esperar, o resultado foi uma entrega ainda maior dos espectadores, que fizeram com que as luzes das pulseiras transformassem o festival em uma discoteca em grande escala.
Parabéns pra você
Se a entrega da banda ainda não estava clara para algumas pessoas até este momento, a apresentação de “Magic” veio para deixar até os mais críticos boquiabertos. Com os quatro membros da banda reunidos no centro do palco secundário, Martin improvisou uma versão em português da canção e, em seguida, anunciou uma surpresa organizada pelos fãs para a celebração do aniversário do guitarrista Jonny Buckland.
A apresentação de “Humankind”, que também faz parte do álbum mais recente da banda, levou até mesmo os fãs mais antigos às lágrimas. Neste momento, Martin agradeceu aos fãs por estarem ali e pediu que todos levantassem as mãos para enviar amor ao mundo, com uma menção especial ao conflito na Ucrânia.
A canção preparou os fãs para “Fix You”, a única música do álbum X&Y tocada no show. A performance fez o público cantar alto e fez com que rostos emocionados aparecessem com frequência na transmissão do festival. Foi neste momento, inclusive, que Martin desceu do palco para abraçar uma pessoa que chorava na plateia.
Por fim, a banda trouxe a nova “Biutyful” para encerrar o setlist de forma alegre, leve e encantadora. Fogos de artifício iluminaram o céu da Cidade do Rock e pareceram quase insignificantes após o espetáculo de quase duas horas protagonizado pela banda britânica.
Novamente, a apresentação do Coldplay no Rock In Rio deixou muito claro quais são os motivos que tornam a banda tão idolatrada pelos fãs brasileiros. A entrega, o carisma e toda a produção visual produzida pelos artistas superou as expectativas e fez, merecidamente, com que referências à apresentação dominassem os assuntos mais falados das redes sociais nesta madrugada.