Coldplay em ensaio de fotos de divulgação do álbum <i>Viva La Vida or Death and All His Friends</i>. (Foto: Divulgação)
Em junho de 2008, Coldplay lançava seu novo álbum Viva la Vida Or Death And All His Friends, o quarto de sua já consolidada carreira, fruto do sucesso dos projetos anteriores. Produzido por Brian Eno, o álbum surpreende e traz uma melodia puxada para instrumentos e cenários estéticos que remetem a vida, morte e revoluções históricas. E que revolução. Neste mês, o álbum faz exatos 10 anos de lançamento, e como tudo que é bom deve ser relembrado, preparamos um pequeno especial que marca a estreia de uma nova coluna no Coldplay Brasil, a #TBT.
“Ok, precisamos melhorar como banda”
As gravações iniciaram-se em ainda em 2007, com alguns empecilhos e adendos que duraram até o prazo final de abril de 2008. Brian Eno, um dos produtores do álbum, era muito exigente com todo o processo artístico. “Suas músicas são muito longas. E você é muito repetitivo, e usa os mesmos truques, e coisas grandes não são necessariamente coisas boas, e você usa os mesmos sons, e suas letras são são boas o suficiente.”, Chris Martin relata, em entrevista à Rolling Stone, a fala de Eno ao opinar sobre a banda.
“O ponto de partida para este álbum foi ouvir uma antiga e incrível música do Blur, chamada ‘Sing (to Me)’ enquanto estávamos em turnê com o X&Y“, diz Chris Martin, referindo-se ao álbum de estreia da banda britânica Blur. “Lembro-me de ouvir e pensar: ‘Ok, precisamos melhorar como banda’.” O resultado de ambas as críticas parece ter funcionado, e a primeira música do álbum foi escrita no dia seguinte.
Durante o processo de gravação, a banda viajou para países de língua espanhola, gravando em igrejas típicas da região. Esse ponto pode justificar a influência de instrumentos como a percussão e violoncelo que trazem uma característica marcante para a banda.
“Brian trouxe muito para este álbum”, concorda Martin. “Para começar, ele tocou muito disso. Mas ele trouxe vida, liberdade, impulso, distorção, excitação, estranheza, loucura, sexualidade, geekiness e Roxyness. Todas essas coisas. Ele é incrível.”
Brian trouxe muito para este álbum. trouxe vida, liberdade, impulso, distorção, excitação, estranheza, loucura, sexualidade, geekiness e Roxyness.
— Chris Martin
De volta ao Brasil
Três anos depois de passar pelo Brasil com a Twisted Logic Latin American Tour, Coldplay voltou ao país, em 2010, para duas apresentações, uma em São Paulo, e a outra, no Rio de Janeiro. A apresentação na capital paulista foi o primeiro show da banda em um estádio brasileiro. Marcado exatamente para o dia do aniversário de Chris Martin — 2 de março —, o público de aproximadamente 65 mil pessoas presentes no Morumbi não hesitou em cantar parabéns ao vocalista.
Coldplay durante apresentação no Morumbi, em 2010.
Sucesso de vendas — e crítica
A importância que o álbum tem na carreira da banda se dá por diversos motivos, entre eles, o sucesso de crítica. Se X&Y havia decepcionado os especialistas de música — principalmente o The New York Times, que classificou a banda como a mais insuportável da década —, Viva foi muito mais criticado positivamente do que de forma mista. Alex Denney, do britânico The Guardian, citou a própria situação. “Um retorno garantido que deve, de alguma forma, restaurar o estoque crítico em declínio do Coldplay”, comentou.
Coldplay recebe o prêmio de Canção do Ano, por Viva La Vida, no GRAMMY 2009, uma das categorias mais importantes da premiação.
Viva la Vida Or Death And All His Friends é um álbum que é caracterizado pela perda e incerteza, viagens e tempo, felicidade e arrependimentos. Alternando entre a felicidade de “Strawberry Swing” à sombria reivindicação por amor em “Violet Hill”, o álbum se torna um dos mais importantes da década, com destaque para “Viva la Vida”, faixa que ficou por 51 semanas na parada da Hot 100 da Billboard, em 2008. Além disso, o álbum também garantiu um Grammy de Melhor Álbum de Rock, além de outras seis indicações na mesma edição.
Um retorno garantido que deve, de alguma forma, restaurar o estoque crítico em declínio do Coldplay.
— Alex Denney, The Guardian
Coldplay continua colhendo bons frutos com o single, provavelmente o maior hino de sua história. O fato de estar sempre nas listas de suas canções mais ouvidas nas plataformas digitais, entre as mais queridas do público e do clipe ter sido visto quase meio bilhão de vezes no YouTube — sem nem contar a incrível energia quando tocada em seus shows — prova isto. Na verdade, Coldplay continua colhendo bons frutos com todo o álbum propriamente dito. Foi Viva o responsável por abrir ainda mais portas para a banda e mostrar ao mundo a que vieram e, assim, conquistar uma legião ainda maior de fãs, que continuam a segui-los até hoje.