Há exatamente 20 anos, 1998 estava entre nós. O ano foi um marco para o mercado musical, visto que novas bandas apareceram na cena fonográfica, como Train e sua “Meet Virginia” em um álbum homônimo, além de Beyoncé e seu Destiny’s Child, com “No, No, No” no top 5 da Billboard Hot 100. Mas como o sucesso não é para todos, por meio de distribuições de EPs em gravadoras independentes e por pequenos shows, algumas bandas batalhavam para deixar seu marco no mercado musical.
Atualmente com carreiras já consolidadas, poucos conhecem o início dessas trajetórias, e em comemoração aos 20 anos de estreia dessas referências musicais, a Billboard trouxe um especial com oito bandas que lançaram seus debuts ao mercado em 1998. Entre vários renomes como Muse, System of a Down e Queens of the Stone Age, nosso querido Coldplay, que recentemente foi indicado à seis categorias nos Billboard Music Awards, também está presente na matéria, com uma pequena review do Safety EP.
O começo de tudo – literalmente
O Safety EP é considerado o primeiro lançamento público e oficial do Coldplay. Gravado e lançado em 1998, a demo consta com três faixas e teve o custo de produção financiado por Phil Harvey, que estudou com Chris Martin e foi convidado para ser o primeiro gerenciador da banda. Com uma foto de Chris na capa, fotografada por John Hilton, um amigo pessoal da banda, e com cerca de 500 cópias produzidas, o EP foi distribuído como demo para algumas gravadoras. No entanto, apesar de ter garantido uma apresentação da banda em um festival de Manchester, apenas 50 cópias foram vendidas, o que torna a gravação raríssima – e até mesmo desconhecida entre alguns fãs.
Coldplay em uma nota em seu site oficial sobre a gravação do EP. “500 cópias lançadas, 450 cópias direto para a lixeira”, relata Will Champion.
“Safety mostra uma banda já no controle de seu futuro”.
Com três faixas, o Safety EP é como uma saciação do apetite com músicas gravadas como o, agora consolidado, quarteto britânico Coldplay. Apesar de trazer um som diferente do que viria em trabalhos posteriores – como o próprio álbum de estreia da banda, Parachutes, lançado em julho de 2000 -, isso não é necessariamente ruim.
Mesmo que nenhum material tenha chegado de fato ao debute de 2000, não se descarta o fato de que o quarteto já tinha em mente um certo traçado. Safety mostra uma banda já no controle do seu futuro. A voz de Chris Martin tem uma qualidade que se une aos instrumentos utilizados na banda. Seu falsete e a guitarra de Jonny Buckland remetem aos claros anos 90, mas não deixa de ser uma forma de representação do que estaria a vir nos lançamentos futuros do Coldplay. (Alguém poderia, no entanto, argumentar que Guy Beryrman tem um pouco mais a tocar em seu baixo do que nos outros lançamentos).
O lançamento do Safety garantiu uma apresentação da banda em Manchester. Pelo visto, algumas cópias não foram para a lixeira. (Imagem: Debs Wild)
Uma das únicas características que provavelmente estariam em falta seriam os pianos e teclados pelos quais tornaram a banda conhecida – o que ocasionalmente aparece, mas acaba sendo suplantado pela guitarra elétrica (tendo em vista comparações entre sucessos como “Yellow” e “Trouble”, estando um pouco mais na última música).
Os derivados de outros tempos
O Safety EP pode não ser o lançamento mais acessível da banda, mas todas as três faixas – ou poderiam dizer pilares? – que estruturam o álbum estão presentes nos lançamentos posteriores da banda. “Bigger Stronger” e “Such a Rush” estão alocadas como faixas editadas no segundo EP da banda, The Blue Room, e “No More Keeping My Feet on the Ground” como uma B-side do single Yellow.
Não ainda satisfeitos, a banda também produziu um videoclipe para “Bigger Stronger”, com direito a toda a nostalgia e estranheza que os anos 90 remetem.