A conceituada revista NME lançou, no começo da semana, um pequeno editorial sobre as primeiras impressões da magazine sobre o documentário A Head Full of Dreams, filme que contará a trajetória do Coldplay durante os 20 anos de carreira e que será exibido simultaneamente em diversos cinemas pelo mundo, inclusive no Brasil, no dia 14 de novembro.
O documentário consiste com imagens gravadas por Mat Whitecross, amigo de faculdade dos integrantes e diretor do filme, desde o primeiro ensaio da banda, nos quartos da University College London, até a sua ascensão em estádios pelo mundo todo. Tido como “emocionante, inspirador, estimulante e revelador”, a matéria traz alguns pontos relevantes do documentário até então.
Para a revista, Chris Martin é um “clarividente”. “Ele certamente poderia ver o futuro do Coldplay nas estrelas. Desde o seu primeiro show, ele estava dizendo à plateia que ‘é uma sorte poder nos ver agora antes de deixarmos o Bon Jovi comendo poeira’, e em um ponto, com a cabeça cheia de sonhos e a boca cheia com aparelho ortodôntico, Chris olhou para baixo e disse que ‘daqui a quatro anos, vamos ser absolutamente enormes'”, relembra a publicação. “Quatro anos depois, quase no mesmo dia, o Coldplay encabeçou o Glanstonbury pela primeira vez. Snow Patrol e Mumford & Sons devem agradecer às estrelas por Chris não ter jogado na loteria naquela semana.”
Os integrantes do Coldplay, segundo a revista, sabiam que teriam uma banda antes mesmo de serem uma de fato. “No filme, há muitas filmagens de Chris (apelidado de “The Stallion”), Jonny Buckland (“o cara chapado no canto”), Guy Berryman e Will Champion —que não era um baterista e só entrou na banda porque seu colega de apartamento, que tinha uma bateria, não apareceu para o teste— dançando e tocando em torno das festas da faculdade, convencidos com o seu potencial de alcançar o mundo”, comenta.
Ainda segundo a revista, eles não poderiam ser qualquer outra banda: “E foi um vínculo que permaneceria religiosamente —quando Chris demitiu Will durante as sessões do The Blue Room por suas habilidades iniciais inadequadas, ele acabou implorando para que ele voltasse, e eles têm tido uma democracia rígida desde então. Basta ver Chris mordendo a língua na reunião da lista de faixas do último álbum enquanto seus colegas de banda matam seus problemas um por um, e logo depois improvisam músicas acústicas no estúdio sobre Guy e Will sempre vetarem suas canções favoritas. Um pouco passivo-agressivo, não?”, expõe a revista.
A análise ainda revela um fato curioso, de que Beyoncé gravou a sua parte em “Hymn for the Weekend” no quarto de Apple, filha de Chris Martin. A respeito dos rumos do pop que a banda tomou, a publicação aborda, também, a sua relação com Brian Eno. “Quando o Coldplay recorreu a Brian Eno para ajudá-los a se tornarem mais experimentais no sucesso de 2008, Viva la Vida or Death and All His Friends, Eno insistiu que todas as músicas soavam diferentes. Daí surgem fotos da banda experimentando todos os tipos de práticas estranhas no estúdio em busca de inspiração.”
“Documentários anteriores do Coldplay sugerem a escuridão por trás das cenas da banda, mas A Head Full of Dreams é o primeiro a capturá-los de fato”, segue. “Guy admite um problema com álcool. Eles visivelmente saem dos trilhos gravando X&Y sem a mão orientadora de seu ‘invisível’ quinto membro Phil Harvey, amigo de Chris e colega de banda em Flaming Honkies, antes do Coldplay, e ex-gerente da banda que desistiu antes do álbum, retornando apenas depois como um conselheiro.”
“Eles lutam com a desmoralização das primeiras turnês de nu metal —um subgênero musical do heavy metal— dos Estados Unidos, e a devastação de Chris sobre sua separação com Gwyneth Paltrow é colocada dolorosamente nua. O mais surpreendente, no entanto, é a filmagem de Chris perdendo sua cabeça durante o intervalo de um show ruim, gritando com um roadie e ameaçando dividir a banda no final da turnê. É como assistir a um filhote de labrador atacar uma criança”, conclui.
A análise completa pode ser conferida, em inglês, no site da NME.