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Coldplay sobre Music of the Spheres para NME: “Não há mais pressão sobre nós, apenas fazemos o que amamos”

O Coldplay é capa de mais uma edição da revista britânica de música NME com o seu nono álbum de estúdio, Music of the Spheres, lançado nesta sexta-feira, 15 de outubro. A entrevista para o crítico especializado Thomas Smith trouxe detalhes sobre a produção do disco, com nomes como BTS e Selena Gomez nas canções do novo álbum. O Coldplay Brasil destaca alguns dos principais assuntos abordados na conversa, que pode ser conferida na íntegra neste site.

Chris Martin iniciou a conversa discutindo People of the Pride, um dos destaques do álbum. O vocalista do Coldplay confirmou que a música é inspirada nas canções de Muse, Depeche Mode e Rammstein, além de ter sido escrita em meados da era ‘Viva La Vida’ em 2008, mas finalizada apenas recentemente. “Muito disso [de POTP] veio das marchas do Black Lives Matter e Gay Pride, onde as pessoas usam sua voz para dizer ‘essa situação é ridícula’. Então acho que é a nossa música ‘essa situação é ridícula'”, comentou Chris. “No entanto, somos muito educados quanto a isso, em vez de dizer ‘seus babacas de merda!’. Mas isso é sobre política humana – essa é a política que acredita que todos no planeta têm o direito de ser eles mesmos. E acho que, se você é um super astro do soft-rock antigo ou um jovem desrespeitoso, você tem permissão para acreditar nisso”.

Pela primeira vez, a banda comentou sobre críticas ao ‘old play’, ou seja, aos fãs e críticos que depreciam as músicas mais recentes e, consequentemente, mais animadas do grupo. “Este álbum é o nosso período em que não temos regras ou medo do que as pessoas pensam ou dizem sobre nós”, falou Martin. “Já tivemos todas as críticas boas e ruins do mundo e se nos preocuparmos com a resposta, ficamos um pouco mais cautelosos. Tem uma parte de você que tem que aceitar que somos uma banda mais velha e que nunca fomos a nova ‘coisa jovem e legal’… mas de uma forma estranha, é bastante libertador. Não há mais pressão sobre nós, apenas fazemos o que amamos”.

Chris também comentou sobre o uso de emojis para os títulos de três das doze canções do álbum. “Bem, por que não? É essa nossa atitude em relação a isso”, fincou.

Já Guy Berryman deu detalhes sobre o processo de início de um álbum: primeiramente, são definidos os títulos e os conceitos do produto antes da escrita e produção das músicas. “É apenas um dispositivo para fornecer uma estrutura na qual podemos trabalhar tematicamente”, disse o baixista. “O nome ‘Music Of The Spheres’ é algo sobre o qual temos falado há muitos anos.”

Mas o que de fato seria o Music of the Spheres. Martin explica: “É um conjunto de canções localizadas em uma galáxia distante … que inventamos. É onde podemos estar totalmente livres de qualquer pressão do que fizemos antes e de como deveríamos soar. Essa liberdade de localização nos permite falar sobre o que significa ser humano. Parece um pouco de ficção científica e tudo, mas na verdade é um monte de canções de amor. Nem mesmo se passa no espaço. Tudo poderia ser ambientado em Margate [uma cidade da Inglaterra] também; depende apenas da aparência dos videoclipes e das obras de arte – poderíamos ter vendedores dançantes de peixes e batatas, ao invés de tudo isso”, brincou.

Parceria com BTS em “My Universe”

A abertura com o produtor Max Martin possibilitou que a banda não tivesse limitações em suas produções – tanto que viabilizou parceria com nomes como BTS e Selena Gomez.

Guy elogiou bastante o grupo sul-coreano. “Eles tem uma energia incrível. Saímos recentemente com eles em Nova York e, embora haja um pouco de barreira de idioma, não foi estranho ou desconfortável. Quando surge uma situação como essa, a coisa mais fácil pode ser dizer ‘não’ a uma colaboração como essa porque eles são diferentes ou são de um gênero diferente ou de um país diferente”, e ressaltou: “Existem tantas situações históricas em que nossa colaboração com o BTS não teria acontecido”.

Já Will Champion concordou com o baixista. “Essa noção de que mudar é uma coisa ruim é uma loucura – queremos crescer e abraçar a música e a cultura de todo o mundo. Esse é o espírito deste álbum, tentar se livrar de todas as barreiras que colocamos entre nós e outras pessoas”.

Pandemia

Chris Martin também comentou sobre a paralização dos shows e das atividades do grupo durante a pandemia da Covid-19. “A adrenalina de fazer turnê ou estar tudo isso todos os dias pode ser incrível”, diz Martin, “mas às vezes pode ser uma distração; se tudo isso foi tirado, quem é você? Como você está sendo útil? Tudo bem, acho que é por isso que estamos aqui na Terra para descobrir o que precisamos descobrir”.

Sustentabilidade nas turnês

Com as datas da nova turnê, a banda estabeleceu critérios de sustentabilidade para atender às metas de mínimas emissões de CO2 durante seus shows. O Coldplay chegou a não divulgar o até então seu último álbum, Everyday Life, devido ao impacto no meio ambiente. E inspirados por outros artistas como Billie Eilish, encontraram métodos de viabilizar os shows e tornar a música ao vivo um ambiente seguro.

“Acho que começamos muito bem no momento”, explica Berryman. “O que quer que acabemos fazendo, será uma Fase Um, mas sempre tem que haver uma melhoria e um ciclo contínuo. Se você quiser descobrir buracos, e tenho certeza de que alguém pode e vai, acho que tudo bem: o que você precisa fazer é abraçar a ideia de progresso contínuo. Tem que ser uma situação em constante evolução”, comentou o baixista

Billie Eilish e o Global Citizen

Ao conversar sobre a possibilidade de escrever temas de músicas para a franquia 007, a banda relembrou que Billie Eilish e seu irmão, Finneas, gravaram o tema ‘No Time to Die’ para a sequência e colaboraram com a dupla de irmãos em uma performance de ‘Fix You’. “Foi igualmente maravilhoso cantar com eles”, diz Chris. “Quero dizer, [Finneas e Billie] escreveram ‘Ocean Eyes’. Eu sei quando uma música é ótima quando meu corpo fica absolutamente furioso com ciúme por um minuto – quando eu ouvi essa música, eu pensei, ‘Seus bastardos de merda’. Mas então eu tenho que dizer ‘isso é realmente inspirador’. Eu amo o vínculo que esses dois têm.”

Veja abaixo a performance de “Fix You” no Global Citzen:

O futuro do Coldplay

Com o lançamento do nono álbum de estúdio, o que fazer? Will destaca que a banda irá comemorar… trabalhando em novas músicas. Já Martin não tem certeza sobre como seria o sucessor do ‘MOTS’, mas tem certeza de uma coisa. “Vamos fazer 12 álbuns. Porque é muito esforço para fazer tudo isso. Eu amo isso e é incrível, mas é muito intenso também. Eu sinto que, porque eu sei que o desafio é finito, fazer essas músicas não parece uma tarefa difícil, pois ‘isso é o que deveríamos estar fazendo'”. Sobre apenas ter três álbuns em estúdio restantes, Chris alerta. “Não creio que seja isso o que iremos fazer. Eu sei que é isso que iremos fazer em termos de álbuns de estúdio”. Se estamos, então, na reta final de produções do grupo britânico ativo desde 1997, a magazine elogia o trabalho e considera o ‘Music of the Spheres’ uma ótima opção. E Martin finaliza: “Não temos nada a perder neste momento”.

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