COLDPLAY BRASiL

A união e a esperança de “Everyday Life”

A coluna Por trás da canção apresenta uma série especial com análises das letras de faixas selecionadas de Everyday Life, o novo álbum da banda.


“Everyday Life” não é só a música que dá nome ao oitavo álbum do Coldplay, como também, a canção que encerra o disco e que nos traz um resumo de tudo aquilo que a banda quis transmitir com as faixas anteriores. A paz de “Arabesque”, a prece de “Church” e até a angústia dos jovens sírios de “Orphans” se encontram nesta música para nos mostrar que a vida pode ser muito difícil e desgastante para todos nós, mas que as nossas lutas nos unem.

O nome Everyday Life (vida cotidiana, em português) está relacionado com as angústias, dores, sonhos e alegrias do dia a dia. O ideal de que nossas experiências nos conectam traz um respiro de esperança sobre a vida e a humanidade, o que é, sem dúvidas, a sensação que sentimos após os 4min20 de canção. Ou melhor, depois dos 53 minutos que compreendem as 16 faixas do álbum.

O que é que nós vamos fazer?
Veja o que todo mundo está passando
Que tipo de mundo você quer que esse seja?
Eu sou o futuro ou a história?

A primeira estrofe da canção consiste em um questionamento sobre o que nós, como pessoas, faremos no mundo. As guerras e a falta de união, temas das canções anteriores de Everyday Life, retornam de forma subentendida quando o narrador nos pede para observar o que está acontecendo.

Já o paralelismo entre futuro e história nos faz pensar se estamos contribuindo para que o mundo melhore ou se continuaremos repetindo os mesmos atos dos nossos antecessores.

Porque todo mundo se machuca
Todo mundo chora
Todo mundo conta um ao outro todo tipo de mentira
Todo mundo cai
Todo mundo sonha e duvida
Tenho que continuar dançando quando as luzes se apagam

É no primeiro refrão da canção que o narrador nos explica a importância de tentar melhorar o mundo. Ao falar das nossas experiências cotidianas — choros, mentiras, quedas, sonhos e dúvidas —, ele mostra que todos nós compartilhamos experiências em comum.

Além disso, o autor traz esperança por meio da metáfora de que é necessário continuar dançando quando as luzes se apagam. Ou seja, que precisamos continuar firmes mesmo quando a vida se torna mais difícil.

Como no mundo vou te ver
Como meu irmão,
Não como meu inimigo?

Depois de entender que todos compartilham as mesmas experiências e que este é um caminho para mudar o mundo, o narrador inicia um questionamento interno. Na segunda estrofe, ele tenta entender como poderá enxergar as pessoas que o machucaram como irmãos. Afinal, como seres humanos, todos enfrentam as mesmas dores e alegrias.

Porque todo mundo se machuca
Todo mundo chora
Todo mundo vê a cor nos olhos um do outro
Todo mundo ama
Todo mundo tem seus corações arrancados
Tenho que continuar dançando quando as luzes se apagam
Vou continuar dançando quando as luzes se apagarem
Aguente firme a vida cotidiana

O segundo refrão da canção substitui alguns termos do primeiro para ressaltar a beleza e a compaixão das pessoas. O narrador não diz que as pessoas mentem, mas reforça que “todo mundo vê a cor nos olhos um do outro”. Ademais, ele afirma que todos amam, no lugar de dizer que todo mundo cai.

A sutileza da alteração dos versos completa o pensamento do primeiro refrão. Isso porque o autor consegue mostrar que compartilhamos não somente das dores e do “lado ruim” da existência humana, mas também das alegrias e do amor.

O pedido para aguentar firme o dia a dia reitera a metáfora de continuar dançando do verso anterior. O trecho também mostra que precisamos nos manter firmes mesmo quando as luzes se apagam, visto que mesmo com os momentos difíceis, há beleza na vida cotidiana e na união entre as pessoas.

À primeira luz
Jogue meus braços abertos
Aleluia

A banda não poderia escolher forma melhor de encerrar a canção — e o álbum — do que com a última estrofe de “Everyday Life”. A luz, os braços abertos e os cânticos de aleluia reforçam a ideia de que a paz e a alegria podem ser alcançadas se nós acolhermos um ao outro.

É por meio deste trecho final que conseguimos enxergar a beleza cotidiana mesmo em meio à todas as questões debatidas ao longo do álbum. Afinal, o narrador nos mostra que podemos ter esperança no futuro, basta reconhecer que, apesar das diferenças, todos os seres humanos têm sentimentos em comum.

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