“Eu quero saber quando posso voltar e ficar bêbado com meus amigos”, questionam jovens de Damasco, capital da Síria, na abertura de “Orphans”, carro-chefe do álbum Everyday Life. A música foi escrita por Chris Martin junto com seu filho mais novo, Moses Martin. Além disso, conta com a participação de Apple Martin, filha mais velha do vocalista.
Em contrapartida ao clima familiar, “Orphans” descreve a angústia de refugiados que precisaram deixar suas casas e famílias após os ataques aéreos contra a Síria, orquestrados pelos governos dos Estados Unidos, Reino Unido e França, que ocorreram em abril de 2018.
Rosaleem dos damascenos
Sim, ela tinha olhos como a Lua
Teria estado nas telas de cinema
Mas, por conta da chuva de mísseis
Índigo vai para o céu hoje
Após a frase de abertura que se repete no refrão da canção, podemos conhecer Rosaleem, nome da garota damascena — como são conhecidos os habitantes de Damasco — que é uma das responsáveis pelo questionamento inicial da música.
A jovem, cujo nome faz referência a uma flor, é descrita como alguém que possui olhos que brilham como a luz do luar e que se tornaria uma atriz no futuro. No entanto, em um dos ataques, Rosaleem é atingida por mísseis e morre.
Baba ia aonde as flores crescessem
Amendoeiras e pessegueiros em flor
E ele sabia exatamente quando e o que semear
Tão dourado e oportuno
As tulipas estão cor de mel hoje
Com as bombas fazendo boom ba-boom-boom
O segundo verso da canção relata o que aconteceu com Baba — palavra árabe que significa “pai”. A música o descreve como um agricultor que sabia quando era a hora correta de semear.
A beleza de Damasco é ressaltada pela menção às flores, amendoeiras, pessegueiros e pelas tulipas cor de mel que se espalhavam pela cidade. Contudo, atualmente, a maior parte da região está em ruínas por conta dos ataques. No final do verso, o pai de Roseleem também é atingido pelas bombas e morre.
Oh, eu quero saber quando eu posso
Voltar e ficar bêbado com meus amigos
Eu quero saber quando eu posso
Voltar e ser jovem novamente
Por fim, o refrão retrata a angústia e o pedido de socorro não somente de Roseleem e seu pai, mas dos 18,2 milhões de habitantes da Síria que são afetados pelos conflitos. Afinal, tudo o que estas pessoas buscam é voltar a ter uma vida normal, beber com os amigos e resgatar a juventude que foi interrompida pela guerra.