COLDPLAY BRASiL

Há 10 anos, lançamento do clipe de “Strawberry Swing” impressionava o público

Chris Martin salva a princesa no clipe de “Strawberry Swing”. (Foto: Reprodução)

Engatilhadas no aniversário de dez anos de lançamento do álbum Viva La Vida or Death and All His Friends, completados no ano passado, diversas lembranças vieram à tona com mais intensidade do que as comuns efemérides — provavelmente as únicas pautas dos fã-sites nos períodos de hiato, como o que estamos agora.

Com sorte, o enfoque especial em alguns lançamentos específicos nos faz lembrar de momentos marcantes da carreira da banda. É o caso do lançamento do videoclipe de “Strawberry Swing”, que completou 10 anos no último sábado, dia 20.

O quinto — e último — single de Viva La Vida abriu de maneira grandiosa a despedida de uma das mais brilhantes eras da banda. Naquele já longínquo 2009, Coldplay divulgava seu quarto álbum com sua primeira turnê realmente massiva — prestes a retornar ao Brasil — e, na onda do resgate um estoque crítico “murchado”, era um dos maiores indicados da 51ª edição do Grammy, com sete indicações e um saldo de três vitórias, incluindo na categoria Canção do Ano, com a faixa-título do álbum.

Viva La Vida nasce a partir de um contexto histórico de guerra, nervos acirrados na política e a maior crise econômica desde a Grande Depressão, em 1929. Situação que fez Coldplay abdicar de abordar uma narrativa pessoal e introspectiva para firmar, de vez, seus posicionamentos a respeito de tudo o que acontecia naquele momento.

E até mesmo em “Strawberry Swing” todos estes ideais estão presentes — e não de maneira tão sutil. O eu-lírico da canção deixa claro: enquanto todos estão brigando [“everybody was for fighting”] e movendo-se constantemente em uma linha perfeitamente reta [“people moving all the time inside a perfectly straight line”], ele só quer estar no balanço “de morango”, que é a imagem idealizada perfeitamente no qual se vê na companhia das pessoas que ama, não importa se o céu estiver azul ou cinza [“now the sky could be blue, could be grey, without you I’m just miles away”].

Comparado aos demais videoclipes de Viva La Vida, o de “Strawberry Swing” é o único que conta uma história, esta, alinhada à narrativa contada no álbum — mesmo que de maneira mais sutil, eufêmica, “fofinha”. Nele, Chris Martin é um super-herói que precisa salvar uma rainha das garras de um terrível esquilo gigante assassino.

Inovador, fez uso das técnicas de stop motion e desenhos em giz (que se tornaram alvo de críticas que questionaram sua veracidade em alguns momentos do vídeo), ganhou três prêmios nos UK Music Video Awards de 2009 — Vídeo do Ano, Melhor Animação em um Vídeo e Melhor Vídeo de Rock — e foi indicado na categoria Vídeo Inovador nos Video Music Awards, da MTV, em 2010. Chegou até a ser exibido em algumas salas de cinema do Reino Unido.

Contudo, o grupo de artistas visuais Shynola, diretores do videoclipe, assume que a prioridade era fazer algo surreal e quase como um sonho, mas que a técnica em si seria demais para os olhos. “Então, quando tivemos a ideia de um dia com um super-herói em uma aventura estranha, escolhemos enquadrar a jornada com uma narrativa muito simples, fácil de compreender: um super-herói salva a garota do mal”, disseram, em entrevista ao Anchorman.

Sobre as críticas que apontaram que os desenhos no chão são, na realidade, efeitos de computação, os diretores desabafam: “Ninguém parece querer acreditar que desenhamos no chão. O que é particularmente irritante, vendo quanto tempo o vídeo nos levou.”

Talvez o ponto alto dos videoclipes, diferentemente dos filmes e das séries, seja justamente a possibilidade de discuti-los abertamente, falar sobre seus enredos num todo, sem receio de spoilers, e indagar como suas narrativas, apesar de seguirem padrões, são muito mais maleáveis e receptivas a mudanças. De qualquer maneira — talvez muito mais à época de “Strawberry Swing” do que agora —, o lançamento de videoclipes de grande produção ainda parece chocar a mídia especializada e a crítica — enquanto o público simplesmente se esbalda neles e enaltece ainda mais quem os lança. Como se “Bohemian Rhapsody” tivesse sido um simples vídeo promocional barato e “Thriller” não fosse o grande transformador do videoclipe em um produto audiovisual obrigatório.

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