Chris Martin falou com a BeatsMusic recentemente sobre o conceito do novo álbum da banda, Ghost Stories. Além disso, ainda falou sobre cada uma das faixas, descrevendo a jornada do álbum e a história dele. O texto abaixo foi traduzido pelo site Chris Martin Brasil.
Ghost Stories
A maneira que eu descreveria o disco é a jornada de passar por um desafio e sair dele um pouco mais forte e feliz. É aceitar que algo louco está acontecendo, uma perda ou um obstáculo, seja o que for. É não deixar isso te quebrar, mas te definir. Se você quebra um vaso e o conserta com ouro, no fim das contas, ele fica mais bonito do que era antes. É sobre isso que nós tentamos cantar. Eu senti que estava tudo bem em fazer algo menor, mais íntimo. Eu não sei de onde surgem as canções, mas elas vieram mais pessoais. Gosto de escrever listas de títulos o tempo todo e o título Ghost Stories pareceu encaixar com uma vibe mais misteriosa. É difícil explicar esse tipo de coisa, elas simplesmente parecem certas. Eu tomei uma decisão há quatorze anos atrás… Eu não tenho o talento do Shakespeare em termos de letras brilhantes, então eu só tento ser honesto, é tudo o que posso oferecer. É o que tenho tentado fazer. Com esse disco em particular, eu estava passando por momentos difíceis, alguns amigos meus também e eu não queria fazer uma merda sobre o que eu estou cantando. Eu sei que algumas pessoas não irão se identificar, mas outras talvez sim. Nós tentamos confiar em nossos instintos cada vez mais. Alguns escritores e críticos não irão gostar, mas tudo bem, é a opinião deles. Eu nunca questionei sobre o que eu estava cantando porque eu precisava cantar isso para chegar até o fim do dia. A música é minha melhor amiga, é como eu faço sentido todos os dias. É sobre aceitar tudo o que acontece com você.
Always In My Head
Eu a vejo como uma aceitação de ir por um caminho no qual você está vulnerável em relação a alguém. Muitos de nós temos que tomar uma decisão de nos abrirmos para alguém ou para a própria vida. Toda vez que nós a tocamos ao vivo, ela me faz sentir, “Faça isso, se abra para a vida mesmo que seja um pouco triste às vezes”. Ela surgiu de uma maneira similar de como eu fazia música aos 12 anos, com um teclado barato. Pareceu muito inocente e eu gostei disso. A razão dos meus filhos estarem no álbum é que eles foram ao estúdio e eu não conseguia uma nota e eu perguntei se eles queriam tentar e eles disseram, “Claro, pai!”, e depois de três minutos eles se entediaram. Soou adorável e pareceu correto.
Magic
O que ela é representa para mim é uma grande coisa. Nós somos uma banda e estamos unidos, é um sentimento poderoso passar por tanta coisa ao lado das mesmas pessoas. Nós nos conhecemos quando não tínhamos nada. Eu estava pedindo que alguém iniciasse uma música há anos e eles diziam, “Não, nós gostamos do sistema como ele é”, e então um dia eu cheguei ao estúdio e o Guy disse, ‘Temos algo em mente’, e eles tocaram e eu achei incrível e então a canção Magic surgiu em cerca de cinco minutos. Ela representa, para mim, o quanto eu precisava deles enquanto amigos naquela época, e eles fizeram isso. Com clipes, nós tentamos expressar o que está na canção, sem ter que cantar para a câmera, o que é chato às vezes. Eu gosto de me fantasiar, mas eu não acho que seja uma atuação. O vídeo [de Magic] é sobre dois homens, um gentil e o outro nem tanto e sobre qual irá vencer no final.
Ink
A faixa veio de uma outra canção que tínhamos quando estávamos começando a banda e eu estava tentando me lembrar de como tocá-la pois eu havia esquecido. Aí algo novo soou de um jeito legal e a canção surgiu. Eu não sei explicar sobre letras, elas não significam a mesma coisa para as pessoas. Nem eu sei o que significa, na verdade. Saiu assim. Eu gosto de começar com o título e então ver o que acontece.
True Love
O clipe e a música, eu não sei se eles se complementam. Eu estava no circo com meus filhos há uns anos atrás e eu vi fantasias infláveis e gordas e as pessoas fazendo acrobacias incríveis. Entramos em contato com o cara que fazia elas e pedi que ele fizesse para o vídeo. Eu não sei, pareceu bom ter uma história de amor envolvendo isso. O Ghost Stories parece uma pessoa falando para uma outra pessoa e não para várias. A razão pela qual nossa banda começou é pela maneira do Jonny tocar, de um jeito que eu não consigo nem imaginar e ele sempre me surpreende. É como uma conversa em muitas das nossas canções. Ele tem uma maneira de escrever melodias que é perfeita, eu amo como ele toca. Estar em uma banda é o melhor trabalho do mundo, seus melhores amigos te trazem coisas que você não teria pensado sobre. Nós temos o mesmo hobbie, que é música.
Midnight
É similar ao que aconteceu com Magic, a música original não veio de mim, veio do Jon Hopkins. Eu a vejo um pouco como Always In My Head, ela te lembra que você deve viver o momento. Foi divertido trabalhar nela, eu gosto de qualquer coisa que você possa cantar e depois fazer soar estranho. Eu estou sempre procurando novos jeitos de mudar vozes. É faixa na qual eu digo o que eu acho de Harry Potter… Não, não é. O verso “leave a light on” [deixe uma luz acesa] é provavelmente sobre dizer a si mesmo, “Vá em frente”. Em tudo o que há um buraco, é através dele que a luz entra, o que é uma ideia interessante. Na Inglaterra, quando eu estava crescendo, existia uma certa repressão cultural sobre sentimentos, como não admitir se você está sofrendo. Eu gosto do contrário, de admitir se estou vulnerável, porque coisas boas acontecem se você assume o que está realmente sentindo. Algo quebrou, mas o que você irá fazer sobre isso? Você não irá desistir. Você nunca desiste, essa é a melhor coisa que o meu pai já me disse.
Another’s Arms
A mulher no começo da música? É a Oprah Winfrey. Não, não é. Na verdade eu não sei quem ela é. É uma amostra, veio de um sintetizador. Vamos chamá-la de Denise.
Oceans
Eu sempre tive essa imagem de um píer. O que eu imaginei era como em muitos livros e filmes, quando alguém passa por uma jornada e acorda um dia em uma praia e tudo parece bem e fazendo sentido. O final da música significa confiar no que quer que aconteça. É uma canção sobre confiança.
A Sky Full Of Stars
É sobre amor incondicional. É a canção mais importante que já fizemos em termos de letras, pois toda vez que eu canto eu fico, “É assim que eu quero viver a minha vida”. Me levou muito tempo para receber essa canção, que é sobre abraçar tudo o que acontece. Mesmo se acharem que minha banda é a pior do mundo, é assim que deve ser.
O
A mensagem é, “Nunca desista”, o que acredito que seja uma boa coisa para ser dita. Ter o restante da banda te faz sentir vivo e parte de algo, eu não sei se é por causa do som de crianças cantando, ou particularmente dos meus filhos, mas me faz sentir abençoado de algum jeito. É sobre tentar chegar em um lugar no qual você está feliz pelas pessoas ao seu redor, por elas estarem felizes. É sobre amor incondicional, eu acho. Eu não sou fã de pessoas colocando pássaros em gaiolas, eles podem voar. Não há pássaros na música, é o Jonny sendo um pássaro na guitarra. A ideia é que ninguém é uma peça perdida, somos todos completos. Você não tem um pedaço faltante. O que você precisa está aí, em você.
Uma resposta
Eu amo esse álbum, essa banda e gosto da pureza e sentimento que eles imputam em suas letras e melodias. Mas este álbum para mim foi o que eu mais consegui me conectar à vida, às coisas boas. Muito lindo!